O homem estava sentado sobre uma lata na beira de uma garça.
O rio Amazonas passava ao lado. Mas eu queria insistir no caso da rã.
Não seja este um ensaio sobre orgulho de rã. Porque me contou aquela
uma vez que ela comandava o rio Amazonas. Falava, em tom sério, que o
rio passava nas margens dela. Ora, o que se sabe, pelo bom senso, é que
são as rãs que vivem nas margens dos rios. Mas aquela rã contou que
estava estabelecida ali desde o começo do mundo. Bem antes do rio
fazer leito para passar. E que, portanto, ela tinha a importância de
chegar primeiro. Que ela era por todos os motivos primordial. E quem
se fez primordial tem o condão das primazias. Portanto era o rio
Amazonas que passava por ela. Então, a partir desse raciocínio, ela, a rã,
tinha mais importância. Sendo que a importância de uma coisa ou de
um ser não é tirada pelo tamanho ou volume do ser, mas pela
permanência do ser no lugar. Pela primazia. Por esse viés do primordial
é possível dizer que a pedra é mais importante que o homem.
Por esse viés, com certeza, a rã não é uma creatura orgulhosa. Dou
federação a ela. Assim como dou federação à garça quem teve um
homem sentado na beira dela. As garças têm primazia.
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